sábado, 24 de abril de 2010

O objetivo a que se propõe este texto é o de descrever o desenvolvimento inicial da Geografia, desde quando tratada filosoficamente junto a outros temas na época da Grécia Antiga, até o momento em que o pensamento marxista era base filosófica principal para o desenvolvimento da Geografia.


Palavras Chaves: Geografias, correntes de pensamentos, desenvolvimento, estado, espaço vital, determinismo, possibilismo.

Introdução
A geografia nasceu do anseio do homem em conhecer e registrar o espaço onde mora e desenvolve suas atividades, bem como de observar e catalogar as alterações físicas da natureza. [...] O conhecimento geográfico era eminentemente prático, empírico, limitava-se a catalogar e cartografar nomes de lugares(...)servia aos governos que organizavam a administração(...)aos comerciantes que acrescentavam aos nomes de lugares indicações sobre as possibilidades de produção, com informações sobre os principais produtos que poderiam ser ai explorados e da força de trabalho disponível[...].1

Durante muito tempo à geografia fica a mercê de outras ciências não sendo encarada como uma ciência autônoma justamente por apresentar um campo vasto de estudo, por estar atrelada por a varias ciências sejam elas naturais ou humanas, e por não apresentar um objeto de estudo defino. Daí decorre uma discussão de não pode – se definir a geografia como uma ciência humana ou natural. Essa tamanha interdisciplinaridade da geografia faz com que a mesma não apresente uma identidade concreta e tornando dificílimo então definir qual o objeto e o objetivo de estudo da mesma.

O reconhecimento da Geografia como Ciência decorre dos estudos realizados pelos alemães Alexandre Humbolt e Karl Ritter, que são considerados os criadores da Geografia Acadêmica, mas o conhecimento geográfico remonta desde a pré – historia. È importante frisar que, o uso dos conhecimentos geográficos variaram com a necessidade e evolução cultural dos povos que deles usufruíam.

No período do pré-historia o homem utilizou-se do saber geográfico, para conhecer a natureza, para poder dela retirar o seu sustento. Mas povos com um grau de hierarquização maior utilizavam a geografia para funções mais sócio-políticas, como o planejamento de cidades e estradas localizadas estrategicamente.

Mas é a partir da Antiguidade que se lança às bases da Ciência Geográfica, com o desenvolvimento do comercio, da navegação, aprimoramento da agricultura, fez se necessário o estudo do espaço. Há contribuições significativas nesse período por parte dos Gregos e Romanos. Os Gregos, povos culturalmente mais avançados posicionaram seus estudos para uma geografia voltada ao estudo dos fenômenos naturais, como a chuvas, vulcanismo, relevo, desenvolveram a astronomia, climatologia, mas também faziam descrições de lugares, rotas marítimas etc.; dentre os gregos destacam-se as figuras de Estrabão, primeiro a utilizar o termo Geografia, e Aristóteles que estudou as variações do tempo, a geodésia, e já formulava a idéia de que a Terra erra redonda. Os romanos absorveram a cultura Grega, mas dentro da Geografia se limitaram a fazer estudos descritivos de seu vasto império, sobretudo rotas comerciais, vales, montanhas, rios, visando mais a parte de organização do império.

Durante a idade Media ressalta-se a as ações dos Árabes, que com o crescimento do Islã expandiram seus domínios para o Oriente Médio e península Ibérica. Os árabes muitos ligados a matemática e a astronomia preocuparam-se em estudar a natureza. A cartografia e a Navegação ganharam reforço com a invenção da Bússola e do Astrolábio. Os árabes eram grandes comerciantes e realizaram varias viagens com o intuito comercial que contribuíram para a geografia, pois traziam relatos de climas, relevos, ventos, correntes marítimas.

Com a chegada do séc. VIII a geografia e a própria ciência como um todo tende a concentrar seus objetos de estudo, a acumulação de conhecimentos ao longo do tempo, começa a propiciar a união do pensamento geográfico. O holandês Bernad Varnius, foi um dos propulsores da ciência geográfica, em seu livro intitulado Geografia Geral, ele tenta unir a Geografia Geral, a física, a matemática, astronomia, descrevendo fenômenos e mostrando as relações de causa e efeito. A união de informações sobre o globo terrestre, o avanço significativo da cartografia, e essencialmente o desenvolvimento do capitalismo e o surgimento do Estado – Nação foram condições ideais para a sistematização da Geografia.

Essa sistematização ocorre na Alemanha, seus principais formuladores são os alemães Alexandre Vom Humbolt e Karll Ritter. Humbolt era botânico e viajante, percorreu vários lugares do mundo, fazendo descrições das mais diversas paisagens que via, formulou o primeiro conceito de clima, estudou as correntes marítimas, a flora e a fauna. Já Ritter era historiador, desenvolveu seus estudos mais voltados à didática da geografia, procurou estuda as relações entre sociedade e natureza, realizando a chamada Geografia Comparada. Embora não fazendo escola, Humbolt e Ritter foram mestres dos principais geógrafos a partir de seu tempo, como Ratzel, La Blache.

A geografia evoluiu de maneira a atender a expectativas da época, tende se mostrado contemporânea, A Geografia Tradicional, a primeira a ser utilizada no sistema e escolar, surgiu na Prússia, num período político onde se buscava a unificação de vários estados em uma única nação, hoje atual Alemanha, período também de Revolução Industrial, surgimento do Capitalismo, onde as nações buscam forma seus movimentos imperialistas, esse momento propiciou a criação de uma geografia voltada a divulgar uma imagem do interior da nação, o uso do patriotismo-nacionalismo, com a finalidade de unificar antes das terras os povos, de formar um cidadão soldado que defendesse sua pátria acima de tudo. Como didática de ensino, pregava-se em sala de aula a memorização dos assuntos, não se procurava com a construção do conhecimento, e sim uma verticalização dos conhecimentos.

A geografia sempre acompanha seu tempo, com o intuito de explica-lo.No período entre 1º guerra e os anos 60-70, com planificação da economia de um lado e o capitalismo de outro, surge uma geografia aplicada aos números, a Geografia Quantitativa, apoiado por esses sistemas políticos, pois os mesmos necessitavam de dados para a construção das estáticas, e com isso da geografia deixa de lado as questões sociais, alegando que a geografia tinha de ser uma ciência neutra. Com desequilíbrio desse sistema político, essa geografia passa a ser questionada e surgem duas correntes filosóficas, a Geografia Quantitativa atrelada à geografia tradicional e a Geografia Critica ou Radical, sendo que a primeira perde espaço no âmbito acadêmico.

Por volta do final da década de 70, nasce à chamada “Geografia Crítica”, que revoluciona toda a estrutura não apenas do ensino, mas da maneira de pensar da geografia, apoiada no marxismo a Geografia Crítica busca a revelar a realidade social, mostra-se mais uma arma política do socialismo do que propriamente uma ciência geográfica.
A geografia Crítica em nível de ensino procura forma o cidadão critico, não procura apenas passar informação, incentiva o aluno a pesquisar, a questionar o porquê dos acontecimentos, e qual o fator propulsor das mudanças ocorridas no espaço como um todo. O slogan da Geografia Critica é “Aprender a Aprender” que resume como é trabalhada a geografia critica em sala de aula. Um aspecto importante dessa geografia e a velocidade com que ela acompanha as transformações sociais, culturais, econômicas e políticas, o pensamento geográfico passa então a questionar as mudanças ocorridas no mundo como um todo.

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